terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A DEPRESSÃO que causa DOR

Há boas chances de um sintoma físico aparecer antes da tristeza profunda ficar estampada no rosto da vítima de depressão e ela não conseguir esconder sua perda de interesse pelo mundo exterior.

Hoje os cientistas sabem que o quadro depressivo tende a emergir na forma dos mais diversos tipos de dor no corpo. E não confunda isso com um processo de somatização, em que distúrbios emocionais produzem mal-estar orgânico. Não se trata de algo como uma sugestão da mente entristecida sobre o organismo, trata-se de um fenômeno eminentemente bioquímico.

Os circuitos que a depressão ativa são íntimos de regiões do sistema nervoso, inclusive o autônomo, que comanda o funcionamento dos órgãos. Cerca de 60% dos casos da doença são associados a males orgânicos, a maioria deles acompanhada de dor.

Mas de que maneira uma alteração na massa cinzenta do cérebro repercute no corpo e, ao mesmo tempo, interfere na alegria de viver?

Os cientistas acreditam que o mau funcionamento da serotonina, da noradrenalina e da dopamina, são os responsáveis por tais alterações. O trio de neurotransmissores, fundamental na regulação do humor, circularia com menos eficiência entre os neurônios de um deprimido e isso dificultaria a transmissão de milhares de mensagens químicas. Sendo assim, em um efeito de dominó, outras falhas de comunicação apareceriam. A ausência dessas substâncias prejudica diversas áreas, inclusive as responsáveis pela inibição das dores.

O sistema imunológico é outro afetado. Os deprimidos correm um risco três ou quatro vezes maior de adoecer. Também pode acontecer de várias doenças aproveitarem a brecha criada pelos neurotransmissores. Quem de repente passa a ficar doente com muita frequência não deve se conformar com a velha explicação: “Ah, isso é estresse!” É preciso refletir se não existe algo mais profundo por trás.

O sono é mais um que acusa prejuízos quando o cérebro está deprimido. Sabe-se que a ausência de serotonina atrapalha o adormecer, mas esse não é o único problema. O desregulamento químico por trás do transtorno emocional afeta todo o ciclo circadiano, ou seja, o relógio que regula o funcionamento do organismo ao longo das 24 horas. Assim, a pessoa perde a sincronia com o meio ambiente, afetando a quantidade e, principalmente, a qualidade das horas dormidas.

Há 121 milhões de vítimas de depressão em todo o planeta. No Brasil, há cerca de 17 milhões de deprimidos, ou seja, 14% dos pacientes do mundo vivem no Brasil, sendo que para cada homem portador do distúrbio existem duas mulheres. É o sobe-desce típico do ciclo hormonal das mulheres que provoca a predisposição. Os hormônios femininos são necessários em certas áreas do cérebro e, quando faltam, as transmissões nervosas também acabam afetadas.

Deprimido, com dor e perdido

Quem tem depressão e sintomas físicos demora aproximadamente um ano até procurar um profissional de saúde. Vai levando como pode suas dores – as do corpo e a da alma –, até não suportar mais. E, quando finalmente vai ao médico, passa por cinco consultórios, em média, até receber o diagnóstico certo. Além de o sofrimento físico desviar o olhar clínico da química na massa cinzenta, aonde se finca a raiz do problema, o próprio paciente dificulta as coisas ao evitar comentar ou até mesmo negar toda a sua angústia.

Aceitar ser portador de um problema psíquico não é mesmo fácil. Quando não consegue mais “segurar a barra” sozinho, em geral, a depressão está avançada. E, lamentavelmente, só aí que o tratamento se inicia.

Como tratar?

Além de remédios, os especialistas apostam na psicoterapia – seja a cognitiva comportamental, que estimula o deprimido a deixar de lado pensamentos destrutivos, seja a interpessoal, que identifica situações de conflito para aprimorar a capacidade de o paciente interagir e aliviar o abatimento. Estudos de neuroimagem comprovam que a eficácia desses tratamentos é similar à dos remédios.

Como terapia alternativa: a acupuntura e a auriculoterapia (foto) são os métodos mais eficientes que conheço. Para desviar os pensamentos e preocupações indesejáveis, aconselho o deprimido a fazer atividades envolvendo o cérebro (trabalhos artesanais, viagens, passeios com os amigos, etc.) e o corpo (hidroginástica, musculação, dança, alongamento, caminhada, etc.).


Lembre-se:

* Nunca se esqueça que a VIDA vale muito mais que qualquer outra coisa. E, para viver bem, seu corpo e a sua mente devem andar em sincronia.

* Quando a depressão é tratada corretamente, o ânimo volta e as dores, onde estiverem, esvaecem. O mais importante é saber que ela tem CURA.

* Independente do problema, da preocupação, lembre-se que isso é muito menor do que a importância que você tem para aqueles que te amam e querem te ver bem. Por isso, não se tranque para o mundo, existem pessoas que vão se alegrar em poder te ajudar.

* Por pior que seja o seu problema, acredite, SEMPRE há uma solução. Mas, se você não dividir o seu problema, vai ser difícil alguém descobrir e, assim, poder te ajudar.

* Prevenir é sempre melhor que se entupir de remédios.

Que Deus esteja contigo! Cuide-se!


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O IMPACTO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS Na Nossa Alimentação


Bem, geralmente posto sobre saúde, comportamento, alimentação, etc. Mas achei interessante essa matéria e resolvi postar. Indiretamente, tem a ver com saúde, já que envolve o risco que corre a nossa alimentação e, logo, a nossa qualidade de vida. Também é importante sabermos o que está havendo com o nosso clima e como isso pode nos prejudicar (ou está nos prejudicando). Sendo assim, hoje escreverei sobre ciência, ok?

Um dos mais detalhados estudos já feitos sobre as consequências das mudanças climáticas revela o impacto devastador do calor na produção de alimentos. Segundo a análise, a temperatura do planeta subirá, pelo menos, 2,4 graus Celsius até 2020. Para além das catástrofes naturais, esse aumento significa que, em apenas dez anos, estaremos vivendo em um mundo muito mais faminto.

De acordo com os atuais padrões de distribuição de alimentos, a produção global não será suficiente para responder completamente às demandas de 7,8 bilhões de pessoas que, se estima, formarão a população mundial – cerca de 900 milhões a mais do que hoje. Como resultado na distribuição de comida, os preços dos alimentos devem subir até 20% – um aumento que pode levar várias pessoas à desnutrição.

Mas o que as alterações climáticas teriam a ver com isso?

Um detalhado projeto do Fundo Ecológico Universal (FEU), uma organização não governamental, divulgado no dia 18 de janeiro deste ano, considerou que o impacto das mudanças climáticas afetará a produção global dos quatro grãos mais utilizados na alimentação humana: trigo, arroz, milho e soja.

Em 2020, considerando os impactos do aquecimento global e do crescimento da população, a produção de trigo, por exemplo, apresentará um déficit de 14% em relação à demanda. No caso do arroz, será de 11%; e, no milho, de 9%. A única produção que deve aumentar é a da soja, que, se estima, deve crescer 5%.

De acordo com uma análise, em 2020, a concentração de gases-estufa na atmosfera deve chegar a 490 ppm (partes por milhão), o suficiente para provocar um aumento de 2,4°C na temperatura global. Segundo um consultor científico do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), eventos climáticos extremos serão registrados por todo o mundo e novos aumentos da temperatura global vão exacerbar ainda mais a intensidade desses eventos.

Com isso, dois dos três principais elementos da produção de alimentos serão afetados diretamente: a água e o clima. O aumento da temperatura nas áreas tropicais e a ampliação dos períodos mais quentes nas zonas temperadas são exemplos dessas alterações. Atualmente, 80% da agricultura dependem das chuvas. Menos água significa perda na produtividade agrícola. Além disso, em algumas regiões, redução nas precipitações também significa menos água disponível para irrigação.

Na região tropical, a distribuição de chuvas mudará, com extremos de precipitação e seca. Em algumas regiões, como a África, poderá haver mais seca. Com isso, a temperatura aumentará. Na região temperada, como em alguns países da Europa, haverá menos chuvas. Já em muitas áreas, como a América Latina, as chuvas torrenciais deverão se tornar mais intensas e frequentes (*). Porém, esses extremos de precipitação serão acompanhados de extremos de seca em várias áreas, com má distribuição de chuva ao longo do ano.

Cerca de 35% da produção mundial de cereais é usada para a alimentação de animais. Por isso, a redução da disponibilidade de alimentos tem um impacto direto na produção de carne, leite e derivados. Com o aumento da temperatura das águas e as decorrentes mudanças no ecossistema marinho, se espera também um impacto negativo na produção de pescado.

Mudança na dieta e medidas de adaptação para tentar amenizar problemas futuros

Alteração na atual dieta das populações do planeta é uma das principais formas propostas para se reduzir o impacto do aquecimento global na produção mundial de alimentos. De acordo com o FEU, tais mudanças são necessárias para que o número de desnutridos no mundo não aumente de forma exponencial. Com essas medidas de adaptação, o ganho na produção pode ser de até 10%, afirmam especialistas (**).

Para enfrentar a diminuição da produção de alimentos e ainda manter uma dieta equilibrada e saudável, algumas orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) poderão ser revistas, como por exemplo, comer mais raízes e tubérculos em vez de cereais. Com relação às proteínas, poderia-se buscar outras fontes, elevando-se o consumo de leguminosas como feijão e lentilhas, que em países em desenvolvimento e em nações ricas, o consumo corresponde a apenas 5% e 0,5% da dieta diária, respectivamente.

Obviamente, há a necessidade de um planejamento mais efetivo para a adaptação às mudanças climáticas e investimentos em novas tecnologias e infra-estrutura. O ideal seria que os países chegassem finalmente a um acordo para a redução dos gases-estufa, o que poderia conter a elevação das temperaturas num patamar menos perigoso, abaixo dos 2°C.

Até agora, entretanto, todos os esforços para se alcançar um acordo global nesse sentido fracassaram. Para que alguma mudança significativa fosse alcançada, os países desenvolvidos – que respondem por 50% das emissões – precisariam reduzir seus lançamentos de gases-estufa drasticamente, de 25% a 40% abaixo dos números de emissões registrados em 1990, até 2020 (***).

Texto baseado em matéria do jornal O Globo – 19/01/11.


(*) Não precisou chegar em 2020 para podermos ver o que as chuvas torrenciais irão causar. Já no início do ano de 2011, o Brasil e a Austrália estão sendo castigados por elas. Em relação à catástrofe ocorrida na região serrana (12/01/11), vimos o que o alagamento das regiões agrícolas causou – falta e aumento dos preços de vários produtos produzidos pela agricultura das regiões atingidas. Sendo assim, não apenas as secas irão interferir na nossa alimentação, chuva em excesso também é prejudicial, visto que o alagamento prejudica a qualidade do solo, dificultando o plantio. Agora, se em 2011 a situação climática já está crítica, já imaginou em 2020?

(**) Alterar a nossa alimentação, obviamente, não irá interferir nas alterações climáticas que já estão ocorrendo. Essa adaptação servirá para amenizar o consumo de cereais como trigo, arroz, milho e soja, que sofrerão com as mudanças climáticas e, com isso, poderão ter a produção diminuída, interferindo na industrialização de alimentos que os utilizam como matéria-prima.

(***) Enquanto as grandes indústrias só fazem aumentar o lançamento de gases-estufa na atmosfera, todos nós sofremos as consequências do clima. Isso é um problema que deveria ser combatido por todos – a população, os donos das grandes indústrias, os órgãos governamentais, etc. No entanto, os esforços sempre fracassam porque a maioria dos donos das empresas que poluem a atmosfera são os que ocupam os altos cargos no governo ou são os que mais colaboram para aumentar os cofres públicos através dos impostos que pagam. Desse jeito, entrar em acordo para “aliviar” a camada de ozônio, fica complicado.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A ESPESSURA DO PESCOÇO como marcador de risco cardiovascular


O novo sinal de alerta para prever o perigo de uma artéria ficar refém de placas de gordura está um pouco mais de dois palmos acima da barriga. Sim, um pescoço robusto representa uma ameaça para todo o corpo.

A descoberta foi realizada por pesquisadores do National Heart, Lung and Blood Institute, nos Estados Unidos, cujo trabalho causou estardalhaço no último encontro da Associação Americana do Coração em março de 2009. Para chegar a essa conclusão, eles avaliaram a circunferência do pescoço de mais de 3 mil pessoas. Segundo o estudo, quanto maior a medida obtida, maior a associação com problemas que levam ao entupimento dos vasos, como hipertensão e baixos níveis de colesterol bom.

No entanto, uma suspeita ainda mais grave paira sobre o pescoço rechonchudo. Há quem acredite que a gordura instalada ali, logo abaixo da pele, seja altamente perigosa. Uma hipótese seria de que as artérias situadas por ali mesmo na garganta, como as importantíssimas carótidas, sejam muito prejudicadas. O tecido gorduroso passa a se alojar pertinho do coração afetando os vasos mais próximos ao órgão. Segundo essa lógica, um pescoço gordo tem maior probabilidade de abrigar uma carótida cheia de placas e, assim, de favorecer um derrame (AVC – Acidente Vascular Cerebral).

Não bastasse isso, quem está com gordura sobrando logo abaixo da cabeça é um candidato de primeira a desenvolver apneia do sono (leia mais sobre apneia neste blog). Esse distúrbio é marcado por interrupções na passagem do ar enquanto o indivíduo dorme. E hoje sabemos que a apneia está associada a fatores de risco cardiovascular, como a hipertensão.
No estudo americano, a medida da circunferência do pescoço das mulheres foi 34,2 centímetros, enquanto a dos homens chegou a 40,5 centímetros. Valores acima desse patamar indicam um risco crescente para a ocorrência de problemas cardiovasculares – nada a ver com o tipo largo e musculoso, típico de quem malha bastante. O sexo, a idade, a altura e a etnia podem interferir bastante, mas ainda deverão ser feitos estudos para delimitar parâmetros seguros sobre a circunferência ideal do pescoço.

Além da medida do pescoço, outros fatores de risco cardiovascular merecem atenção: excesso de gordura abdominal, colesterol alto, diabete, hipertensão, tabagismo, abuso de álcool, sedentarismo e depressão.

É possível afinar a silhueta do pescoço?

Sim. As estratégias para derreter a gordura ali são as mesmas que eliminam o excesso em outros cantos do corpo. A solução está na clássica parceria entre dieta balanceada e prática regular de exercícios físicos.

Como verificar as artérias carótidas?
Quem tem o pescoço gordinho, deve ficar de olho nas artérias carótidas, pois são elas que passam por ali e seguem em direção ao cérebro. Alguns exames utilizados para avaliá-las são: ultrassom com doppler, angiotomografia, ressonância magnética e angiografia.

Não perca tempo. Prevenir é o melhor remédio!